Wednesday, November 3, 2010

Escola: o meu percurso pessoal à margem dos rankings



Recuso-me a tirar grandes lições dos dados recentemente publicados relativamente aos rankings das escolas, mas aqui deixo, a título de curiosidade, os números dos estabelecimentos de ensino onde cresci como menino até ser quase um homenzinho. Um percurso pessoal que até pode ter muito em comum com alguns dos leitores deste blogue.

Com base nos dados fornecidos pelo Ministério da Educação, que apenas assinalam o desempenho (as médias de notas) obtido pelas escolas nos Exames Nacionais, cada meio de comunicação tratou de elaborar os seus critérios e a apresentar o seu ranking. Como todos têm em comum uma série de defeitos e virtudes, era indiferente qual o escolhido como "oficial" para esta amostra. E nada como atribuir uma boa dose de indiferença a um amor-ódio pessoal dos últimos tempos, O Verdadeiro Olhar. São, portanto, dessa publicação os números das classificações aqui referenciadas.

Percurso pessoal:


Ensino Básico
(do 5º ao 6º)
Escola Básica de Lordelo - Ranking 2010: 1269º (em 1303 escolas)

(do 7º ao 9º)
Escola Básica de Cristelo - Ranking 2010: 1009º (em 1303 escolas)


Ensino Secundário
(do 1oº ao 12º)
Escola Secundária de Paços de Ferreira - Ranking 2010: 319º (em 608 escolas)

Monday, October 11, 2010

Manifesto Anti-Rocha



Basta pum basta!!!

Uma região que se deixa enfeitar pela pena de um Rocha é uma região que nunca o foi. É um coro d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a região!

Morra o Rocha, morra! Pim!

Uma região com um Rocha a cavalo é um burro impotente!

Uma região com um Rocha ao leme é uma canoa em seco!

O Rocha é um masturbador!

O Rocha é meio masturbador!

O Rocha saberá gramática, saberá sintaxe, saberá teologia, saberá fazer tartes pra frades, saberá tudo menos dirigir jornais que é a única coisa que ele faz!

O Rocha pesca tanto de literatura que até faz metáforas com o mastro do presidente!

O Rocha é um habilidoso!

O Rocha veste-se de mulher!

O Rocha usa cuecas de renda!

O Rocha condena mas frequenta os bordéis!

O Rocha é Rocha!

O Rocha é Francisco e é Coelho!

Morra o Rocha, morra! Pim!

O Rocha fez um Verdadeiro Olhar que tanto o podia ser como o Boletim partidário como o pasquim pastoral ou o Borda D’Água dos batateiros ou o arquivo de corridas de pombos ou o almanaque com inquietações de tansos!

E o Rocha teve claque! E o Rocha teve palmas! E o Rocha agradeceu!

O Rocha é um seminarista abortado!

Não é preciso ir pró Parque José Guilherme pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta publicar como o Rocha! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Rocha!
Morra o Rocha, morra! Pim!

O Rocha nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!

O Rocha é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso rezar o terço!

O Rocha é uma crónica deprimente dele-próprio!

O Rocha em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.

O Rocha nu é uma mulher!

O Rocha cheira mal dos pés!

Morra o Rocha, morra! Pim!

O Rocha é o papagaio do Patriarcado do Porto!

Se o Rocha é do Vale do Sousa eu quero ser do Alentejo!

O Rocha é a vergonha da intelectualidade da região!

O Rocha é a meta da decadência mental!

E ainda há quem não core quando diz admirar o Rocha!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a roupa!

E quem tenha dó do Rocha!

E ainda há quem duvide que o Rocha não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é
inteligente, nem decente, nem zero!

Vocês não sabem o que é o jornal do Rocha? Eu vou-lhes contar:

A princípio, por anúncios, notícias e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de uma publicação com origens jornalísticas, daquele pseudo conceito da diversidade de opiniões balizado por um Estado laico que muitos ilustres senhores desta terra não descansam enquanto não estragam para partidos políticos vestirem o casaco de penas e escarrarem banalidades de campanha.

Quando abri o jornal também não fui capaz de distinguir porque as páginas eram bem desenhadas e fiquei adormecido numa notícia sobre uma empresária que teve alguns problemas no Dubai e só depois de fechar o jornal é que descobri que ele era do Nosso Senhor porque o Bispo do Porto disse que era Ele quem mandava ali!

Leio o vómito do Rocha sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, sem grande esforço, reconheço-lhe um tom e uma falácia argumentativa digna de um milhafre do Vaticano. Mais uma página para o padre da companhia, outra para o político acólito do padre, outras tantas vazias que ignoram vozes e criam temas tabu. Pouco depois o bispo do Porto é que me disse que o Verdadeiro Olhar é o olhar dele e da ideia que ele tem do que seja deus.

O jornal inteiro atira a primeira baliza para o lixo, remetendo-se à “Doutrina Social da Igreja Católica”, uma peça de teatro em três actos encenada pela Opus Dei e pelas escravas da Maternidade e Vida, um anti-jornal.

A única consolação que os leitores decentes têm é a certeza de que atrás das cortinas assinadas por fervorosos moralistas se escondem perversos costumes, cheliques e exageros sexuais.

Continue o senhor Rocha a publicar assim que há-de ganhar muito com o Alcufurado e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata por um ourives de Amarante, e uma exposição das maquetes pró seu monumento erecto por subscrição nacional do "Expresso" a favor dos acidentados da recta de Sobrosa, e o Jardim da Cidade mudado em Jardim Dr. Francisco Coelho Rocha, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta "Francisco Coelho Rocha" e pasta Rocha prós dentes, e graxa Rocha prás botas e Niveína Rocha, e pílulas abortivas Rocha, e autoclismos Rocha e Rocha, Rocha, Rocha, Rocha... E limonadas Rocha- Magnésia.

E fique sabendo o Rocha que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Rocha que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.
Morra o Rocha, morra! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Morra o Rocha, morra! Pim!



Humor com sentido, para o director de um jornal que assume sentido de humor. Que não me leve a mal o folião que também brinca ao Carnaval. Para o bem e para o mal, o texto não encerra nada de pessoal.

Wednesday, February 10, 2010

Paredes do futuro, uma cidade eco-inteligente?

Emerald City, cidade (fictícia) mais sustentável do mundo, construída pela CNN


Os projectos para a nova Paredes estão em discussão no blogue LX Sustentável (blogue sobre a sustentabilidade em Lisboa). Não comento, visto que não estou por dentro do processo. Mas aqui ficam os links. Que nos sirvam de plataforma de informação e reflexão.

1. Será Paredes uma cidade eco-inteligente em 2013?
2. Ainda o projecto de Paredes: perguntas interessantes.
3. Ainda o post sobre a cidade eco-inteligente de Paredes.

Isto é um debate. A gerência deste blogue agradece a quem partilhe mais informação sobre este assunto.

Monday, January 11, 2010

Aparências, desabafo e uma novidade

Também sei ser vaidoso, quando se justifica. Mas ser originário do concelho com maior número de cidades ou do concelho que terá o maior mastro e bandeira nacional (mais milhão menos milhão) do país não é uma coisa que me orgulhe particularmente.
Pior: diz muito sobre o tipo de pensamento dos que governam a localidade – a aparência em vez do conteúdo. Um carvalho seco, mas de pé. Paredes muito grossas, mas de esferovite. E um eleitorado hipnotizado, há anos, há anos!, por qualquer promessa vaga que não consigo enxergar.

Facto pessoal relevante e irrelevante para o leitor: fiz contrato de habitação em Lisboa, vou fazer cartão único em Lisboa, deixo de votar em Paredes. E sabem uma coisa, pessoal da Parada de Todeia? A minha nova Junta de Freguesia também veste CDU.

Sunday, November 8, 2009

O Verdadeiro Olhar: onde está a diversidade?


Tornei-me assinante da publicação semanal "O Verdadeiro Olhar", que se debruça sobre temas relacionados com os concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel. Mentiria se afirmasse estar totalmente desiludido com o investimento. Não é assim.

O jornal é, na generalidade, bem escrito (uma obra-prima jornalística se o comparássemos com o estilo, a estratégia e os conteúdos do conterrâneo "O Progresso de Paredes"), abarca um bom leque de temas de inquestionável interesse público, tem um grafismo apelativo, uma paginação bem conseguida e até na presença on-line se destaca pelos melhores motivos. E há ainda espaço, no interior do jornal, para uma secção humorística, que - melhor ou pior conseguida - sempre dá um colorido (ou um cinzento) à realidade quotidiana da região.

É, por essas e outras razões, uma publicação que valoriza a comunidade em que se insere e isso merece ser digno de respeito.

Mas (e há sempre um mas) - como sempre diz o povo - não há rosas sem espinhos. E o maior espinho d'O Verdadeiro Olhar tem o nome de uma secção: opinião. São quatro páginas - o que estatisticamente até seria notável - que apresentam um clamoroso tom alaranjado e um excessivo enquadramento conservador.

Concretizo. Tomemos como exemplo a 124ª edição, datada de 30 de Outubro: José Luís Costa, Paços de Ferreira, PSD; José Henriques Soares, Paredes, PSD; Carlos Nunes, Lousada, PSD e Nélson Correia, Penafiel, PS (mas atenção, um texto que nos fala da "divisão interna" da concelhia socialista). Somatório: 3 PSD, 1 (ou meio?) PS e zero para todos os restantes partidos, credos, posições e visões independentes nascidas no seio da sociedade civil.

Mas há mais: Maria João Fonseca, ex-Deputada da Assembleia da República (eleita pelo PSD, pois claro!) escreve-nos sobre as polémicas afirmações de Saramago e termina o texto com esta obra-prima: «Se escreve bem? Não tenho conhecimentos suficientes para avaliar a qualidade da escrita de um escritor que coloca a pontuação onde e como lhe apetece, construindo frases que colidem com as regras gramaticais que nos foram ensinadas nos bancos da escola». Ora, meus senhores, este um comentário absolutamente inqualificável.

Há ainda o Pe. Feliciano Garcês - é padre: faz o seu trabalho. E, por fim, o delírio da semana vem em editoral, e assinado pelo próprio director do jornal, Francisco Coelho da Rocha, que decidiu partilhar as suas inquietações sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ainda por cima com recurso abusivo e descontextualizado a uma citação de Eça de Queiroz. Ele - Francisco, não Eça! - diz-nos então o seguinte:

«Só não consigo perceber porque é que os mesmos que reclamam igualdade não a praticam»
. Vai concretizar? Vai sim: «Já se questionou sobre a dificuldade que um criador de moda tem em se afirmar caso não seja gay? [Como??] Já percebeu o quanto é difícil crescer no mundo da arte sem se submeter ao lóbi gay? [Ai sim? Então porquê?] Se a comunidade gay quer falar de igualdade e de direitos, tem de abrir o debate aos direitos dos heterossexuais. Dos nossos direitos. Ou eu também tenho que ser prejudicado por assumir publicamente que gosto de uma mulher?» [Ora, o Sr. Francisco ainda me há-de explicar em que o prejudica o facto de outras pessoas adquirirem o direito ao casamento perante a lei...].

Provocações à parte, o jornal, os leitores do mesmo (que lhe depositam confiança através do valor da assinatura) só teriam a ganhar com um leque de opiniões mais heterogéneo. Mais: exigia-se que assim fosse, para bem da liberdade de opinião e dos valores democráticos. Todos temos consciência do valor da nossa opinião individual, mas fata-nos muitas vezes humildade para perceber que, de modo algum, ela deve servir para silenciar as que dela divergem. Sobretudo num jornal que se promove como livre e independente.


Página web d'O Verdadeiro Olhar

Monday, October 19, 2009

Eleições Autárquicas 2009 em Paredes: Crónica de um suicídio anunciado

A frio - que muito tempo já passou sobre as ironias do sufrágio -, cru e duro, o resultado: um vencedor, quatro derrotados.
Dois deles (BE e CDU), esforçados e, mesmo com poucos meios, mostraram muita entrega e honestidade na arte de os estruturar. Virtude que ainda assim não foi suficiente para que a CDU, conduzida por José Calçada, pudesse chegar aos 4% do eleitorado (salvam-se a manutenção de Cristiano Ribeiro na Assembleia Municipal, facto que aponto como a grande vitória da democracia nestas eleições, e o sucesso na corrida para a Junta de Freguesia de Parada de Todeia), ou para que o BE se aproximasse sequer dos 2%. Albano Esteves Martins fez o suficiente para que os números pudessem ser a triplicar, mas foi impotente perante o vendaval laranja que continua em marcha.

Outro (dos derrotados), foi discreto por via do misterioso apagão que se operou sobre a sua identidade local nos últimos anos. É o CDS, que (imagine-se!) já geriu os destinos da Câmara durante cinco mandatos pós-liberdade, e se afunda numa postura sem grande chama nem ambição - campanha de sede fechada - e numa presença cada vez mais arqueológica. Saldo para Manuel Ruão: zero Juntas de freguesia, uns míseros 8,69% de votos para a Câmara e a natural perda de um membro na Assembleia Municipal.

O outro, PS de seu nome, conduzido por um atarantado Artur Penedos, especializou-se durante a campanha em sessões de tiros nos pés. O fantasma de Sócrates, a intrigante ausência de programa até ao último dia de campanha e a fuga ao debate público sobre a educação são exemplo insuspeito de uma campanha suicida, que usou a arma (teoricamente) anti-socrateana (perdoem-me o termo) do “bota-abaixismo” em vez de apresentar um verdadeiro fórum de ideias que se constituísse como alternativa. Violência e arrogância por arrogância, que lá fiquem os mesmos, que conhecem os cantos à casa e se protegem atrás do terrível chavão da “obra feita” (pudera! Os outros não tiveram oportunidade de lá estar para a fazer). Síntese: por muito que um povo estivesse preparado para a mudança, que não estava, não teriam sido convincentes os sinais do PS.

E assim foi: vitória de Celso Ferreira e do PSD em toda a linha. Começou pela competência do uso dos meios (nas redes sociais e no website, por exemplo, foi assombrosa quando comparada com o desleixo do PS) e acabou com a arrogância da facilidade com que ganha nas urnas paredenses. E até houve um balde de água fria chamado Rebordosa, e três pedras no sapato chamadas Beire, Besteiros e Madalena) mas nada que impedisse os milhares de laranjinhas saírem às ruas para festejar mais um massacre eleitoral. Eu sei que sim, o PSD cresceu e todos tropeçaram. Mas… por isso mesmo, aquelas estavam a festejar o quê? A crescente tentação e reforço de tiques autoritários em personalidades que já nos mostraram, em tantos e tantos episódios, a sua tendência para o autismo político? O aprofundamento de um ciclo laranja sem fim à vista? A demissão democrática de um município da tarefa de vigiar quem nos governa?

Em Paredes, há mais fanáticos pelo PSD do que pelo FCP. E quando a política se transforma num irracional e vazio jogo de forças do ego, meros exercícios de um orgulho clubístico, arrasta-nos a todos para um poço sem fundo. Perante este cenário, não há ninguém que em seu pleno juízo se atreva a entrar na discussão. A discussão pura e simplesmente não existe.
É dessa mudança de postura que gostaria de falar, não me faltassem as forças. Ainda conseguimos ver a luz, não nos enterremos mais, por favor.